Muitas pessoas não fazem ideia da influência das emoções na sua vida. Acreditam facilmente que podem ignorá-las e estará tudo certo, pois defendem que conseguem ser racionais naquilo que fazem.

Mas a separação mente e emoção não é assim tão fácil na prática como é na teoria. O racional e o emocional estão mais ligados do que a gente imagina e se influenciam mutuamente.

Você pode se considerar uma pessoa mais racional, mas isso não significa que as emoções não te afetam e não vão te impactar.

Como essa influência acontece?

A influência das nossas emoções ocorre no nosso comportamento, nas nossas decisões e nos relacionamentos. E ocorre diariamente, por isso, se não estamos conscientes dessa influência podemos estar sendo levados a caminhar por caminhos que não queremos.

Pare para pensar: tem vezes que você toma decisões baseado unicamente no que está sentindo. Em outros momentos, você pode até tentar disfarçar, mas você muda com as pessoas quando está sentindo uma emoção desagradável. Tem momentos que nossas decisões são para que venhamos a sentir algo bom que queremos sentir. E há até quem faça escolhas pensando em amenizar as emoções de outras pessoas.

Dessa forma, é visível que tanto as nossas emoções nos influenciam como também influenciam outras pessoas. Ao passo que também somos influenciados pelas emoções dessas pessoas.

Mas qual é o perigo de reprimir emoções

Quando você reprime uma emoção está alimentando um amontoado de sentimentos que podem te deixar confuso(a) depois. Quanto mais ignoramos e sufocamos aquilo que estamos sentindo, achando que está sumindo, mas aquilo vai ganhando outras camadas e gerando um bolo de fios com vários nós.

Imagine aquela gaveta da sua casa em que você vai só jogando várias coisas que não está usando no momento, a gaveta da bagunça. Chega um momento que você olha para ela e mal consegue identificar o que é o que, fica tudo revirado e sem ordem.

Da mesma forma a nossa casa emocional interna. Você joga emoção atrás de emoção, sentimento atrás de sentimento e quando te perguntam como você está, você não sabe nem definir direito o que está sentindo.

Quando você reprime uma emoção você também está dando espaço inconscientemente para que aquela emoção cresça de forma prejudicial. Isso porque novas situações vão acontecendo e você vai conectando elas a emoção e ela vai ganhando força (tudo isso de forma inconsciente).

Outra coisa que acontece também é que você acaba minando suas relações com outras pessoas. Uma raiva contida pode virar ressentimento do outro. Você pode acabar culpando outras pessoas pelo o que está sentindo. E por estar com aquela emoção retida pode acabar descontando em quem não merece.

Tudo isso sem contar que você está atrasando o seu próprio crescimento emocional, deixando de usar suas emoções para potencializar sua vida.

Como faço para cuidar das minhas emoções

Agora que você já entendeu dos perigos de reprimir emoções, deixe eu te mostrar como começar a lidar com elas.

O primeiro passo é desfazer os nós desse bolo de sentimentos. É preciso mexer na gaveta e tirar peça por peça, dando nome e verificando seu estado. E a terapia é uma grande aliada nesse processo, pois te garante um local seguro para se expor.

Para desfazer esses nós você vai precisar verbalizar essas emoções, sentir elas com segurança e refletir sobre o poder que elas têm ganhado dentro de ti. Não é um processo rápido e nem fácil. Pensa que você ficou até agora só fortalecendo esses ciclos, agora precisa construir novos. Vai te exigir mexer em situações do passado e olhar para si com mais carinho.

À medida que você vai desfazendo os nós, você vai perceber quais pontos precisam de mais cuidado e atenção. É aqui que olhamos para as diferentes áreas da sua vida com carinho para entender os significados criados e o que precisa mudar.

Uma boa prática é o que eu chamo de *“skincare da mente”. *Em outras palavras, é o hábito de diariamente tirar de 5 a 10 minutos do seu dia para avaliar como está se sentindo, o que poderia fazer diferente e o que tem te inspirado. Quando fazemos esse exercício diariamente, começamos a ter mais consciência daquilo que acontece dentro de nós e dificilmente vamos ser pegos de surpresa em nossas decisões.

Uma terceira ação muito importante é encontrar os pensamentos válidos e os inválidos. Eu chamo assim, mas você pode chamar do que quiser: disfuncionais/funcionais, verdadeiros/falsos, bons/ruins... Ou seja, é o ato de você buscar avaliar seus pensamentos que ecoam de dentro das emoções e classificar o seu grau de crença naquele pensamento. Se é um pensamento que por mais que você acredite, você deseja mudar, escolha ativamente classificar ele como inválido.

O mais importante de tudo!

No final, o que nós precisamos entender de uma vez por todas é “sinta tudo, mas não reprima suas emoções”. Por mais desafiador que uma emoção possa ser, ela está sempre comunicando necessidades não atendidas. Por isso, busque analisar qual a necessidade que ela está apontando e após isso escolher como deseja agir: ceder a necessidade ou comprar a briga.

Muitas das vezes doi, mas eu te garanto que sentir suas emoções ao passo que você vai buscando meios de lidar com elas é um passo gigantesco no caminho da maturidade emocional.

Vamos juntos?

Espero que esse conteúdo tenha lhe ajudado!

Vanessa Mattos - Psicóloga